A telefonia brasileira após Sérgio Motta

Lendo o artigo de Ethevaldo Siqueira, no Estadão, me deparei com a seguinte afirmação: "num futuro muito próximo, você poderá comprar seu celular em lojas e até mesmo em postos de gasolina. Em poucos anos, o Brasil terá milhões de usuários e diversas operadoras em regime de competição. Em muitos casos, o assinante poderá receber o aparelho de graça, pagando apenas os serviços".
Quem disse isso foi o ex-ministro das Comunicações, Sérgio Motta, em 1.996, visando o futuro da telefonia celular do Brasil, no momento do leilão de licenças da banda B, que privatizava a Telebrás.
Todos acharam a idéia do ministro maluca, o chamavam de irresponsável, especialmente à esquerda (hoje no poder). Infelizmente, Motta não viu esta fase da comunicação no país, pois faleceu em 19 de abril de 1.998.
Homem de debate, Motta convenceu o Congresso a alterar o artigo 21 da Constituição, que só permitia a exploração dos serviços de telecomunicações através de empresas estatais. Cuidou de saber o real valor da Telebrás, contratando consultorias especializadas para definir a melhor estratégia para a privatização, algo então novo no setor.
Sérgio Motta se recuperou de um enfarte em 1.997, mas não conseguiu vencer uma antiga infecção pulmonar, e mesmo internado na UTI do Hospital Albert Einstein, não resistiu, falecendo, e deixando uma mensagem ao então-presidente Fernando Henrique Cardoso, “não se apequene, presidente. Cumpra o seu destino histórico. Coordene as transformações do país”.
Com a morte de Motta, seu sucessor Luiz Carlos Mendonça, comandou a privatização da Telebrás, vendida por R$22,26 bilhões ou US$19 bilhões, sendo o maior processo de privatização de telecomunicações da década.
Hoje, qualquer um anda com celular na rua, existem modelos abaixo de R$100 e é possível encontra-los em qualquer ambiente. Para se ter uma idéia, hoje de cada 100 habitantes, 91 possuem telefone, e há 10 anos atrás, essa proporção era de 14 para 100.